Estamos vivendo um tempo único em nossas vidas, um tempo de quaresma em quarentena domiciliar. Que tempo desafiador para todos nós! É também uma ocasião especial para refletirmos sobre a vida e morte de Jesus. Neste domingo chegamos ao The Palm Sunday ou, como o conhecemos aqui no Brasil, o Domingo de Ramos. Com ele, iniciamos hoje a mais importante celebração da fé cristã, a Semana chamada Santa. O que este dia significa para nossa fé hoje?
A Semana Santa começa no Domingo de Ramos porque celebra a entrada de Jesus em Jerusalém, quando chegou montado em um jumentinho emprestado – símbolo de humildade – e aclamado pelo simples povo que O aplaudia dizendo “Hosana Àquele que vem em nome do Senhor!”, enquanto abanava ramos de palmas. Esse mesmo povo, há poucos dias, testemunhara Jesus ressuscitar Lázaro de Betânia e estava maravilhado, pois tinha a certeza de que ele era o Messias anunciado pelos profetas aos judeus. Porém, uma boa parte deste povo, inclusive alguns discípulos, pensava que Jesus seria um Messias político, um libertador social, alguém que arrancaria Israel das garras de Roma e lhe devolveria o apogeu e a glória dos dias dos reis de Israel.
Para deixar bem claro a este povo que Ele não era um Messias bélico e político, tampouco um libertador social, mas sim, o grande libertador do pecado – a raiz de todos os males – o Senhor Jesus adentrou montado em um jumentinho a grande cidade, a Jerusalém dos patriarcas e dos reis, cumprindo assim profecias do Antigo Testamento. Jesus não é um Rei deste mundo! O Domingo de Ramos, portanto, dá o início à Semana conhecida como Santa, que misturaria os gritos de hosanas com os clamores de agonia da Paixão de Cristo.
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém foi um prelúdio de Sua entrega e paixão por nós. Aquela mesma multidão que O saudou, motivada por Seus milagres, em breve viraria as costas para Ele. Muitos pediriam a Sua morte. Jesus, que conhecia o coração dos homens, não estava iludido. Quantas lições nos deixa esse Domingo de Ramos! Quem, em nossos dias, gosta de viver iludido pela fama popular, precisa se lembrar de que o mesmo povo que aclama no domingo é o mesmo que crucifica na sexta-feira. Diferentemente de Jesus, no entanto, não temos o poder de ressuscitar no próximo domingo! Em especial, muitos líderes políticos populares deveriam se lembrar dessa lição.
Jesus nos ensina com fatos e exemplos que o Seu Reino, de fato, não é deste mundo. Que Ele não veio para derrubar César ou Pilatos, mas para derrubar um inimigo muito pior e invisível: o pecado. Ele não é um imperador; é um rei de amor que Se entrega por Seu povo, para a redenção dos pecados de todos nós. Para isso, foi preciso aceitar a Paixão, passar pela morte para então destruí-la; perder a vida para ganhá-la. Jesus morreu a nossa morte, para que pudéssemos herdar a Sua vida.
Domingo de Ramos, este portal para a nossa Páscoa, nos ensina que a luta de Cristo e da fé – e, consequentemente, a nossa – é a luta contra o pecado, a desobediência e o mal. Ensina-nos que seguir a Cristo é renunciarmos a nós mesmos, morrermos na Terra como um grão de trigo para podermos dar fruto, até mesmo enfrentando dissabores e ofensas por causa do Evangelho. Ele nos tira de comodidades e tentações hedonistas para nos colocar diante Daquele que veio nos salvar.
Como o apóstolo Paulo nos ensinou: “‘Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?’ Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios 15:55,57). Assim nos disse um dos pais da igreja, Irineu de Lion: “[Jesus] se tornou o que somos, mas nos tornamos o que Ele é”. Tenha uma abençoada semana em casa e celebre, porque o Domingo de Páscoa, Domingo de Ressurreição, logo chegará. Jesus vive!
Carlito Paes