O período medieval europeu foi finalizado por dois grandes movimentos consecutivos e interligados: o movimento Renascentista, a partir do século XV, e o movimento da Reforma Protestante, a partir do XVI. Artistas e humanistas do Renascimento europeu procuravam fazer uma releitura das artes e literaturas clássicas, enquanto os reformadores buscavam uma releitura do cristianismo primitivo e das Escrituras Sagradas, que foram sendo desfigurados ao longo dos governos e decretos papais. Indiretamente, a Reforma surgiu do Renascimento. E a Reforma, por sua vez, trouxe o fomento e o desenvolvimento do mundo moderno tal como o conhecemos hoje. Gerou dádivas desfrutadas ainda hoje, como a liberdade do indivíduo, a igualdade, o nacionalismo e a democracia. Aconteceram também mudanças nas leis, no casamento e na família. Ainda, o movimento missionário decorrente direta e indiretamente da Reforma Protestante, juntamente com a reação católica romana, influenciou de forma profunda o Novo Mundo, que estava prestes a surgir com novos conceitos e instituições na educação, governo e saúde, literalmente, até os confins da terra.
Na política, o estado moderno é fruto da quebra do monopólio católico de controle do estado europeu. A igreja controlou o estado medieval, mas a Reforma fortaleceu o ideal do estado secular, um princípio bíblico, o que contribuiu para o crescimento da liberdade política regional.
Os fundamentos da igualdade e liberdade são evolução da tese luterana de que não existe diferença entre leigo e clérigo, de que todos são iguais perante Deus. Todos os Pais da Reforma insistiram no conceito dos diretos e responsabilidades do indivíduo em interpretar as Escrituras segundo sua consciência e orações. As mudanças se seguiram para o estado de direito e o capitalismo e, bem ou mal, foram um fundamento para a economia moderna.
A elevação do status da mulher, a dignidade do ser humano e a libertação dos escravos foram algumas das ações diretas da evolução dos princípios que a Reforma Protestante trouxe ao mundo. Reformadores e missionários pós-Reforma conseguiram realizar a abolição de escravos, do tráfico e da prostituição, a queima de hereges e genocídios de deficientes físicos e sacrifícios de crianças, lutas que persistem até hoje. Embora ainda aja pouco reconhecimento pela sociedade pós-moderna acerca da raiz de seus direitos e valores desfrutados na atualidade, em especial para o pensamento, leis e sociedade civil, o legado aí está. Breve leitura histórica apontará para esta grande luz que veio sobre a humanidade.
Portanto, salve 31/10/2017! Celebremos os 500 anos da Reforma Protestante e seu legado eterno para própria cristandade e para todo mundo.
Carlito Paes
Pastor Líder da Igreja da Cidade em São José dos Campos e Rede de Igrejas da Cidade.