O grande espetáculo do Auto de Páscoa em sua 14ª edição traz este ano o espetáculo Emunah. Mas o que isto significa? A palavra Emunah aparece na Bíblia pela primeira vez em Habacuque, onde encontramos o seguinte texto: “Eis o soberbo! A sua alma não é reta nele; mas o justo pela sua fé (emunah) viverá.” (Habacuque 2.4).
A importância deste versículo pode ser medida pelas citações a ele no Novo Testamento, onde encontramos:
“É evidente que pela lei ninguém é justificado diante de Deus, porque: O justo viverá da fé” Gálatas 3.11.
“Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.” Romanos 1.17.
E, “Mas o meu justo viverá da fé; e se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.” Hebreus 10.38.
Apesar de encontrarmos nestes textos a palavra grega “pistis” temos que considerar que na mente dos escritores do Novo Testamento, ao citar este texto, o que lhes vinham à memória era a palavra em hebraico “emunah”.
Assim, se queremos entender melhor o que estes homens queriam ensinar sobre a fé, como meio de alcançarmos a graça de Deus, devemos nos ocupar em entender o significado de “emunah”.
Emunah deriva de outra palavra hebraica: “aman“. É justamente essa palavra que encontramos em Gênesis 15:6, onde lemos: “E creu (aman) Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça.” Gênesis 15:6.
Outro detalhe interessante é que do mesmo radical da palavra “aman” temos formadas as palavras “emet” e “amar”. “Emet” é a palavra usada para “verdade” enquanto que “amar” é a palavra usada para “dizer”, “falar” ou “proclamar”.
Essas associações são interessantes e sugestivas. Atualmente usamos a palavra “fé” para indicar, na maioria das vezes, a confiança em práticas religiosas. Mas analisando melhor o contexto das Escrituras vamos aprender que “fé” é muito mais que isso.
Vamos entender melhor isso nas palavras do escritor de Hebreus: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem.” Hebreus 11.1.
Segundo o escritor aos Hebreus a “fé” é a “certeza”, a “convicção”, a “firmeza” de fatos que ainda se esperam. Isso pode parecer estranho, já que “fato” é algo com um lugar definido no tempo e no espaço. Em um primeiro momento, não parece lógico um “fato” que ainda não ocorreu.
Aqui temos uma importante definição sobre “fé”. A “fé” é quando creditamos o peso de verdade a algo ou alguém, considerando as afirmações deste algo ou alguém como um “fato” indiscutível, independentemente deste “fato” ainda não ter acontecido ou estar em um passado longínquo.
Assim, a “fé” remove todas as dúvidas, apesar de ser transcendente, não é irracional, pelo contrário, com o conhecimento essa “fé” pode ser aumentada e aperfeiçoada. Por isso Paulo nos ensina: “Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.” Romanos 10.17.
Mas como a “fé” pode ser o meio para alcançar a Salvação?
A Bíblia Sagrada não faz distinção entre “fé” para salvação, ou “fé” para se alcançar uma cura, não existe isso nas Escrituras. Na Palavra de Deus encontramos apenas “fé”.
A questão é que ao depositar fé na Salvação apresentada pelas Escrituras temos por certo e plenamente verdadeiro as condições que envolvem o Evangelho.
Ao depositar “fé” na Palavra de Deus, estamos convictos de nossos pecados e culpas, de nossa incapacidade de nos redimir com nosso Criador, estamos convictos do amor de Deus ao nos chamar ao arrependimento, dando-nos seu Filho e, diante dessa convicção, que temos por “fato”, ou “verdade absoluta”, somos impelidos a viver com “fidelidade” a tudo o que a Palavra nos exige, tanto em nossa conduta, como em nossas expectativas.
E é por isso que Jesus diz: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” João 14.21.
Aquele que deposita a “fé” em Deus não tem dificuldade alguma em procurar obedecer aos mandamentos e servir a Deus, pois a “fé” leva à “fidelidade”. Não há nenhuma contradição quando se entende os fundamentos da fé.
O oposto disso é o legalismo, que condiciona a Salvação através de práticas religiosas por força ou imposição, e não sendo fruto da fé.
Também a “fé” deve gerar uma esperança firme e convicta, que nos norteia e consola.
Outro aspecto importante a ser destacado é a similaridade entre as palavras em hebraico “aman” e “amar” (crer e proclamar). Ambas possuem o mesmo radical, e encontramos o apóstolo ensinando: “pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.” Romanos 10:10.
Assim percebemos que a confissão e o testemunho são inerentes à fé. Quando depositamos a fé em nosso Deus nos tornamos arautos de seus feitos. E nisso concorda o Messias quando diz: “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.” Lucas 6.45.
Portanto, se tem ouvido a Palavra de Deus, busque aperfeiçoar em seu coração a “fé” correta, que será a verdadeira balança em seu coração, para amar e aplicar em sua vida os princípios da Vontade de Deus, expressa em seus mandamentos.
Viva sua fé em Deus, 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem dogmas, rituais e ou religiosidade, viva uma fé plena e operante, concreta e relacional, uma fé viva no único Deus vivo, que através de seu único Filho, Jesus, fez-se vida para nós.
Viva Emunah em Deus hoje!
Carlito Paes
Pastor Líder da Igreja da Cidade em São José dos Campos e Rede de Igrejas da Cidade.