MANSIDÃO, A SETIMA MANIFESTAÇÃO DO FRUTO DO ESPÍRITO
A mansidão, como manifestação do fruto do Espírito que é o amor, é temperamento controlado pelo Espírito. O que significa ser manso?
Uma pessoa mansa não se rebela contra Deus, nem murmura. Ela aceita a vontade Deus de bom grado. Ela diz, como Jó: “temos recebido o bem de Deus, porventura, não receberíamos também o mal?” (Jó 2:10).
Uma pessoa mansa é como Paulo, sabe viver contente em toda e qualquer situação (Fp. 4:12). Ela está sempre dando graças a Deus, sabendo que todas as coisas cooperam para o seu bem.
O manso é aquele que foi domesticado. A palavra manso era empregada para descrever um animal domesticado. Um potro selvagem causa uma destruição. Um potro domado é útil. Uma brisa suave refresca e alivia. Um furacão mata. O manso morreu para si mesmo. Ele foi domesticado pelo Espírito. A mansidão é fruto do Espírito. Ele está sob autoridade e sob o controle. Ele obedece as rédeas.
O manso é aquele que tem a força sob controle. Ele tem domínio próprio. Mais forte é o que domina o seu espírito do que aquele que conquista uma cidade.
O manso é aquele que não reivindica os seus próprios direitos. Jesus, sendo Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus.
O manso é aquele que está disposto a sofrer o dano. Como Paulo escreveu aos coríntios, numa demanda entre irmãos, ele está pronto a sofrer o dano em vez de buscar levar vantagem.
Não temos nenhuma dificuldade de fazermos uma oração de confissão e dizer: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, porque eu sou um mísero pecador!”. Nós admitimos isso. Confessamos isso. Mas se alguém vier nos chamar de pecador, nós logo rechaçamos. Não admitimos ser diante dos homens aquilo que admitimos ser diante de Deus. Não aceitamos que os homens nos tratem da mesma maneira que admitimos ser para Deus.
O manso é aquele que não luta para defender sua própria honra. Aquele que já está no chão e não tem medo da queda.
Uma pessoa mansa não é facilmente provocada. Um espírito manso não se inflama facilmente. Davi dá o seu testemunho: “Armam ciladas contra mim os que tramam tirar-me a vida; os que me procuram fazer o mal dizem cousas perniciosas e imaginam engano todo o dia. Mas eu, como surdo, não ouço e, qual mudo, não abro a boca”. (Sl 38:12-13).
A mansidão, para o cristão, é uma qualidade/virtude gerada pela fé justamente para a sua aplicação.
As ações do cristão no mundo devem ser direcionadas pela mansidão porque elas começam no amor de Deus. Assim como as outras virtudes, a mansidão não implica passividade ou letargia, mas sim em um modo de ação marcado pelo amor e sensibilidade.
O termo utilizado no original grego, πρᾳΰτης [PRAUTÉS], indica uma força gentil. Isso fica evidente nas recomendações de Pedro em relação ao trato com os de fora:
Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão [πραΰτητος, prautetós] e respeito, conservando boa consciência, de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias.” (I Pedro 3:15-16)
E, Paulo escreve aos Efésios sobre como deve ser o lidar entre os irmãos da fé, a maneira “digna da vocação que receberam” (v. 1):
“Sejam completamente humildes e dóceis [no original, ajam com toda mansidão: πραΰτητος, prautetós], e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor.” (Efésios 4: 2). Assim, a mansidão não é deixar de exercer autoridade, mas fazê-lo sob o temor de Cristo, entendendo seu amor para com todas as pessoas. Por isso a mansidão é um fruto do Espírito, porque é motivada pelo modo do Céu de perceber as situações e as pessoas.
Precisamos manifestar justamente este fruto do Espírito, para não se deixar vencer pela obra da carne, a ira, que é o oposto disto. “Não caluniem a ninguém, sejam pacíficos e amáveis e mostrem sempre verdadeira
mansidão para com todos os homens.” (Tito 3:2).
Carlito Paes